Por: Silva Paula, Sandro Miguel.
Entre os anos de 1909 e 1911, foi construída sobre o córrego do Sangradouro uma ponte de pedra, que ligava a Rua General Osório com a Rua Riachuelo no bairro da Cavalhada. A necessidade de construir uma ponte sobre o Sangradouro, corre a época em que a "Vila Maria" foi elevada a "Cidade" com o nome de São Luiz de Cáceres (1874).
Nos relatórios da Câmara Municipal ao Presidente da Província de 1875, os edis apresentam as necessidades do povo quanto a construção de sua catedral e de uma ponte, nesse relatório o discurso "revestiam-se de um caráter civilizatório instituindo verdades que eram plasmadas, sobretudo no código de postura do município e nas leis promulgadas pela Câmara Municipal... (Adson de Arruda, pg 99, História e memória Cáceres, ed. UNEMAT, 2011).
Abaixo um recorte da transcrição do relatório:
"Torna-se de palpitante necessidade a construção de uma ponte sobre o Sangradouro que atravessa esta cidade, cortando-a em dois bairros, e pois na estação invernosa tornam-se incomunicáveis, com o maior território da cidade por represas feita pelas águas do Rio Paraguai", . (Natalino Ferreira Mendes, pg 66, Efemérides cacerenses, Volume I, 1992)
Em outro relatório da Câmara Municipal de 1876 aponta a necessidade urgente da construção da ponte sobre o córrego do Sangradouro, mas o pedido não se concretizou.
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Fotografia extraída do livro, "Um trecho do oeste brasileiro", de Gabriel Pinto de Arruda, 1938. vista da Rua Riachuelo, ao centro no fundo a catedral ganhando altura. |
Decorridos mais de 30 anos a construção da ponte sobre o córrego do Sangradouro se materializou, o Professor Natalino Ferreira Mendes assim transcreveu na Efemérides Cacerenses:
7 de abril de 1910 - O Sr Luiz da Costa Garcia assina contrato com a Intendência Municipal para construção da ponte do Sangradouro em continuação da Travessa da Liberdade (hoje, Gen. Osório). Especificação: "uma ponte de alvenaria com 12 x 4,5 m e 4 m de altura, assentado o seu taboleiro sobre duas abóbodas de 0,75 m de espessura, levantadas sobre 3 paredes de 80 centímetros cada uma de grossura, tendo os alicerces das mesmas um metro de profundidade abaixo do solo e ficando um vão livre de 5m entre elas, Seu pavimento de barro socado... Será construída de pedra canga e tijolos requeimados, devendo aquela ser lavrada e esquadriada na parte da ponte que fica acima da superficie do solo e a argamassa empregada será composta de uma parte de cal por três de areia. O prazo de conclusão da obra é de seis meses e o valor 8.000$000.(Natalino Ferreira Mendes, pg 94/95, Efemérides cacerenses, Volume I, 1992)
O Mestre construtor da obra arquitetônica foi o Senhor José Vanini, sendo considerada uma das principais ações da administração de Diogo Nunes de Souza (1909/1911).
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Ponte Branca nas cheias da década de 1970. |
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Vista da Ponte Branca |
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Ponte Branca ao fundo corte da Rua Riachuelo década de 1970, vista da Escola União e Força. |
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Vista da Rua Riachuelo, com destaque as torres da catedral. |
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A Ponte Branca e o ipê roxo (Handroanthus impetiginosus), década de 1990. |
Na década de 1990, figura como importantes realizações de urbanismo em Cáceres a construção no córrego Sangradouro de uma galeria de concreto armado, que se estendeu desde a primeira seção de galerias construída na década de 1970 até onde deságua o Sangradouro entre os antigos Porto da Manga e Porto de Benedito Tomé.
Nesse período foram feitas manifestações para que se preserva-se a antiga Ponte de Pedra, mas a marcha inconteste do progresso não se deteve e assim se foi a Ponte Branca.
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Acervo Engº Adilson Reis. |
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Acervo Engº Adilson Reis. |
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Acervo Engº Adilson Reis. |
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Acervo Engº Adilson Reis. |
A ponte de pedra canga ficou conhecida e batizada como Ponte Branca no meio popular, motivado pelas inúmeras pintura de cal que recebia no correr dos anos.
Foi letra de enredo no carnaval cacerense e nome de bloco carnavalesco que exaltavam a sua magnitude e historicidade cantando os versos assim:
Foi na ponte branca, que despontou a cavalhada,
ê cavalhada.
Na história de Cáceres relembrada, e consagrada cavalhada.
Fontes consultadas:
- Gabriel Pinto de Arruda, Um trecho do oeste brasileiro,1938.
- Obras de Natalino Ferreira Mendes:
1) História de Cáceres (História da administração Municipal) Tomo I, 1973.
2) Efeméride cacerenses, volume I e II, 1992.
- Otávio Ribeiro Chaves e Elmar Figueiredo de Arruda, História e memória Cáceres, UNEMAT, 2011.
- Maria de Lourdes Fanaia Castrillon, Um esboço sobre a Camara Municipal de Vila Maria do Paraguai 1859-1889, 2006.
Fotografias:
Acervo iconográfico do Museu Histórico de Cáceres.
Acervo Engº Adilson Reis.
Acervo do autor.
Memórias e oralidade:
Dr. Hênio Maldonado.
Valdomiro Santana de Paula
Alzira Cebalho de Almeida
Ana Márcia Nunes de Oliveira